Ele só conseguia olhar pela janela e ver a chuva que caia com tanta força do céu. Ele olhava pela janela e só conseguia pensar em como precisava sair dali. Ele só olhava pela janela e sentia que não aguentaria mais aquela mesmisse. E ele só conseguia olhar pela janela.
Ele olhava para a porta e pretendia abri-la. Ele olhava para a porta e sabia que precisava sair. Ele olhava para a porta, mas sentia o cheiro de café fresco que vinha da cozinha. Ele olhava para a porta e pensava em tudo que o esperava do outro lado. Ele só conseguia olhar para a porta.
Ele andava pela casa e sabia que não era feliz ali. Ele andava com uma caneca de café na mão e só pensava no quanto estava triste. Ele andava pela casa e pensava em todas as suas escolhas erradas. Ele andava pela casa em vão a procura de respostas. Ele só conseguia andar pela casa.
Ele via as mobilias que há tantos anos foram colocadas naquela posição. Nem as mobílias mudaram de lugar, quanto mais a sua vida. Ele estava estacoinado. Ele não conseguia sair do lugar. As pessoas já haviam ido embora, os anos já haviam passado, a mulher que uma dia ele amara já não estava mais presente, os filhos que planejaram não vingaram, os netos que então ele sonhara, jamais viriam. E a essa altura, o que mais ele poderia fazer?
Buscou aquela velha cadeira de balanço e a colocou na varanda. Preparou mais café e levou a garrafa consigo. Aqueles charutos que comprara para uma situação especial, não faziam mais sentido de estar guardados. Colocou na vitrola sua canção preferida. Sentou-se na cadeira, tomou mais alguns goles de café, ascendeu o charuto e ficou ali. Ele só conseguia olhar para aquela paisagem. Ele só sabia olhar para a chuva. Ele só queria esperar pelo fim.
domingo, 17 de outubro de 2010
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